segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O tempero que deu o molho no Rio

É duro retomar a rotina e iniciar o ano sob o fogo cruzado das notícias que dão conta de uma das maiores catástrofes naturais que o país já enfrentou! Pior é lembrar que passamos por situação idêntica ano passado (Angra dos Reis e Morro do Bumba no Rio e as enchentes de São Paulo que devastaram a histórica São Luiz do Paraitinga), ainda que em bem menor proporção, se comparadas à devastação imposta às cidades da região serrana do Rio este ano. E muito pior é temer que a situação não vá mudar no próximo ano.

A atual situação no Rio de Janeiro é mais calamitosa que em outros Estados, caso de São Paulo e Minas, que também passam por graves problemas com enchentes face o grande volume d’água que caiu nos últimos dias, provocando centenas de mortes.

Sobretudo em Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópolis, os números da tragédia são contabilizados a todo o momento. Agora, sábado dia 15/01/11 às 11:00, a Defesa Civil informa que já são 553 mortos. Infelizmente é bem provável que este dado já esteja desatualizado quando você vier a ler este post. Certamente este número ainda deve subir consideravelmente à medida que as equipes de resgate avançarem sobre regiões que ainda não puderam ser acessadas. Bairros inteiros estão soterrados e pequenas comunidades completamente isoladas, sem água, luz e alimentos.



 A combinação das condições climáticas característica deste período do ano (Zona de convergência do Atlântico Sul) associada à topografia da região serrana do Rio provocou um efeito tsunami que devastou a região. Cabeças d’água desceram o morro a velocidades que chegaram a 150 km por hora e varreram tudo que encontrava pela frente – casas, árvores, carros e pessoas sem fazer distinção de gênero, idade ou classe social – em sua rota de destruição.


A leniência e incompetência do poder público acabaram por dar o molho desta tragédia. São anos de desrespeitos às leis de zoneamento e ocupação das áreas de risco nas encostas de morros. Além disso, há um completo despreparo para enfrentar situações deste tipo. É o tal do Plano de Contingência. Falta saber o que fazer, quem vai fazer, como fazer e utilizando quais recursos em situações extremas. Ao invés disto, mantemos uma enorme dependência de um bem aventurado, mas pequeno grupo, de bombeiros e funcionários da defesa civil, que têm que se desdobrar para atender tanta gente em tantos pontos diferentes ao mesmo tempo!!!


Em meio a todo esse caos, um fato salta aos olhos de forma positiva. A forma como nós brasileiros de outras regiões e, sobretudo, os cariocas, estão se mobilizando para ajudar as vítimas. Todo o povo brasileiro sofre e partilha desta dor. Podemos sentir através do engajamento de enorme contingente de voluntários e de uma infinidade de doações que não pára de chegar. O que só ratifica minha convicção de que o povo brasileiro é solidário e um dos mais ricos do mundo neste sentido.


Só espero que mais esta catástrofe não fique na história apenas das pessoas que sofreram com a perda de entes queridos... tomara que as autoridades e a sociedade aprendam que toda ação tem uma reação, ainda mais quando se trata de uma relação com a mãe natureza.