Nunca vi um filme, nacional ou não, ser aplaudido de pé pelo público ao final de sua exibição. Esta façanha foi alcançada por Tropa de Elite 2, do talentoso José Padilha, neste final de semana de estréia em uma das salas daqui de Curitiba.
Com 1,25 milhões de espectadores no final de semana de estréia, o filme consagra-se como o 5º de maior sucesso em estréias e, se levarmos em consideração apenas produções tupiniquins, é de longe a melhor estréia de um filme dentro do país. Veja o trailer oficial abaixo.
Quem espera a truculência do Capitão Nascimento do primeiro filme da série, se depara com o idiossincrático Tenente Coronel Nascimento lutando contra o sistema, quando este “cai para cima” do Comando do BOPE após uma intervenção mal sucedida em uma rebelião no presídio de Bangu. Assim ele é alçado a um cargo junto à inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro.
A partir daí, a trama de Padilha nos sugere uma série de ardilosos contextos que nos apresentam situações do cotidiano da PM carioca... e por que não nacional? Como bem coloca o subtítulo do filme – O Inimigo agora é outro – o protagonista se depara com uma situação particular dentro da Polícia carioca que, na impossibilidade de subtrair dinheiro dos traficantes, passam a formar milícias para explorar comunidades através de uma suposta proteção em troca de “pedágios” sob vários serviços (gás, luz, TV a cabo, segurança e etc.).
O filme surpreende por apresentar com riqueza de detalhes o que todos imaginam acontecer. Mas o diferencial está no fato do Padilha mostrar este problema com clareza nas conexões com o submundo da política e seus interesses espúrios, gerando o caos no sistema que o agora Tenente Coronel Nascimento se refere a todo o momento. O sistema é podre e quem deveria zelar pelo bom funcionamento deste é completamente conivente e cúmplice, se beneficiando da ineficiência do Estado em prover segurança pública.
Agora só nos restam algumas indagações após a exibição do filme; 1 – se esta obra de ficção vai desencadear algum movimento de moralização dentro da PM carioca (o que verdadeiramente é uma utopia) e 2 – se o Padilha tem a pretensão de dar continuidade na série Tropa de Elite. Agora em sua 3ª versão, bem que ele poderia entrar mais afundo no podre sistema político que corrói o país, explicando expressivas votações de Paulo Maluf e Tiririca em São Paulo e do Garotinho no Rio de Janeiro.
Acho que a falta de mobilização e consciência política do povo brasileiro, aliada a ignorância de boa parte da população, deve manter nossa indignação controlada até que o próximo filme deste tipo chegue e exponha as entranhas podres do sistema que nos mantém domesticados.
Viva a ficção que imita a realidade... ou seria vice versa???
8 comentários:
este filme é muito bom mesmo!o primeiro já foi bom, e neste existiu um amadurecimento em todos os aspectos. vi uma entrevista com o diretor que ele fala algo assim: o cara que faz a fotografia do filme é o melhor do mundo, a pessoa que prepara os atores neste filme é mais profissional de todas, o cara que faz isso é o melhor do mundo, etc...enfim, são duas lições de gestão: cercar-se com os melhores e reconhecer que eles são feras. muitos administradores fazem uma coisa mas não a outra, e para aqueles que não fazem nenhuma coisa nem outra....pede para sair!
Erlon,
De fato você tem razão! Acabei esquecendo de fazer alguma relação com o nosso mundo corporativo... essa questão que você bem salienta - de nos cercarmos dos melhores e reconhecermos o mérito de todos - acaba gerando uma sinergia positiva que só favorece no alcance dos objetivos gerais - o sucesso de todos!!!
Caro Alexandre...
Ví o filme na quarta-feira aqui em floripa e é realmente muito bom. Infelizmente, como está escrito no aviso no inicio do filme, é uma obra de ficção, mas todo o conteúdo é parte da realidade do dia-a-dia, não só do Rio, mas do Brasil todo.
Gostei das questões que vc levanta ao final do texto... não acredito que filmes somente tenham essa força de mobilização, mas certamente ajudam a "abrir os olhos" da população, não é? Sim... aquele meu outro blog fala sobre isso: www.arteecriticasocial.blogspot.com ... passe lá para ver o que tem de novo.
Sem mais para o momento.
Rogério S. Tonet
Roger, vou entrar agora mesmo no seu blog e obrigado por contribuir com mais um comentários aqui no F A L A T Ó R I O.
Meu caro, infelizmente o "Admirável gado novo" cantado pelo grande Zé Ramalho, ainda é uma amostra de como pensa e age grande parte da população do nosso país. Somos (não falo de mim e de você, falo do povo brasileiro. E fazemos "parte dessa massa"!) corruptos, corruptores, acomodados, nem um pouco nacionalistas e péssimos eleitores. E a coisa vai continuar assim, a não ser que Alexandres, Fabrícios, Ricardos, Sebastiões e Gilsons, um dia tomem as rédeas da situação e mudem o rumo desse país. Será que ainda dá?
Abraço do amigo.
Caro amigo ANÔNIMO (se puder se identificar seria melhor),
Obrigado pelo comentário... além de desafiador é instigante!!! Eu acho que ainda dá tempo sim. Estou fazendo minha parte dia a dia, mas ainda acho que posso colaborar mais... quem sabe ingressando na vida pública um dia eu consiga ser uma voz a fazer ressonância neste país que tem muita esperança e pouca atitude. Mas tudo isto é fruto de muita ignorância, pois um povo que desconhece seus direitos e deveres não tem como avançar em termos de uma sociedade justa e democrática.
Sou eu, Gilson. Saiu como anônimo? Foi mal.
Gilsão,
Obrigado pelo comentário e apareça mais vezes para dar sua opinião por aqui. Abraço
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