domingo, 28 de novembro de 2010

Rio de Janeiro e o Capitão Nascimento

O assunto do momento, em todas as rodas de bate papo entre amigos ou colegas de trabalho, é um só – o caos deflagrado no Rio de Janeiro pelo confronto entre bandidos e Estado.

E aqui neste post não tenho a mínima pretensão de tentar explicar como chegamos a esta situação de enfrentamento. Só quero dividir minha admiração pela sociedade carioca, que vai desde os bons policiais e políticos até o fictício engenheiro aposentado – Dr. Elias Maranhão (residente do bairro de Botafogo) e sua diarista – Dona Maria da Silva (residente da Vila Cruzeiro). Todos cumpridores de seus deveres e parte pulsante de uma sociedade carioca que quer mudar, que tem esperança e, sobretudo, tem paixão pela sua cidade.

A leniência com o tráfico e o banditismo talvez venha da época em que o Brizola governou o Rio de Janeiro. Seu populismo através da urbanização das favelas e da “proteção aos menos favorecidos” que lá viviam, colaborou para transformar aquele malandro carioca dos pequenos delitos nos imbecis de hoje, armados com fuzis AK 47, que se esgueiram pelas vielas do Complexo do Alemão como ratos.

O terrorismo imposto pelo tráfico foi originado pela insatisfação dos bandidos com as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Estratégia do governo fluminense que consiste em instalar postos policiais dentro das comunidades mais violentas, aproximando a polícia da comunidade e quebrando o poder do traficante, tido como imperador soberano da região.

Desta maneira, o plano do mal era aterrorizar a sociedade com arrastões, queimas de ônibus e carros. Provocar o caos para que o poder público recuasse face o medo instaurado na sociedade.



Acabaram se dando mal!!! Acabaram colaborando por oportunizar um momento único de mobilização da sociedade, que levou o poder público a dar uma resposta dura e decisiva no sentido de demonstrar que o Estado é de fato o garantidor da ordem pública.

E o que mais me animou não foi a união entre o BOPE, Polícia Militar e Polícia Civil cariocas com as forças armadas, cedendo homens e equipamento bélico de enfrentamento de guerra. Nem o poder judiciário, que autorizou a transferência de todos os presos nas ações policiais para presídios fora do Estado do Rio de Janeiro. Além da transferência dos cabeças do tráfico para presídios federais em Estados longínquos, de modo a dificultar a comunicação para desarticular o comando deles. Neste sentido, também foram expedidos mandados de prisão contra parentes e advogados das principais lideranças do crime. O que mais me animou é que tudo isto está acontecendo de maneira orquestrada. É como se pela primeira vez tivéssemos um sinal de articulação conjunta do poder público contra o crime.



Sei que a mídia está “espetaculizando” a situação, mas dessa vez acho que está sendo bom. Acho que as imagens estão colaborando para aumentar o apoio da sociedade para com o combate ao crime. As pessoas esqueceram, momentaneamente, que a polícia até outro dia vivia com o descrédito de sua banda podre. Hoje as pessoas confiam na polícia, sentem orgulho dela, e o principal, sentem-se protegidos por ela!!!


O fenômeno Capitão Nascimento, que recentemente trocou de patente, fez a ordem inversa e ajudou a influenciar a vida real com seu filme Tropa de Elite. Ao ser guindado ao posto de herói nacional, conferido pelos mais de 10 milhões de expectadores, a mensagem parece ser clara – precisamos de homens sérios e com coragem para colocar, se necessário, sua vida em risco em prol do bem estar e segurança da população. Com tanta corrupção e impunidade, maiores cânceres da terra brazilis, suplicamos por alguém com o perfil do agora Tenente Coronel Nascimento.

Quando o show passar, só torço para que o combate contra a criminalidade no Rio de Janeiro continue sendo levado a sério. Espero que a motivação do cinema não cause exageros, como a declaração infeliz de um dos comandantes do BOPE – “(...) vamos agilizar para que esses bandidos peçam perdão pro homi lá encima”.

Espero que as pessoas se dêem conta de que na ficção ninguém morre e todos ganham com a trama. A realidade é bem mais complicada. Erros e omissão custam vidas. E não tem Tenente Coronel Nascimento para nos salvar e renovar nossas esperanças em um mundo melhor. Os heróis tiram férias quando acaba a trama. Precisamos é de instituições sérias com dignidade em seus propósitos de servir a sociedade. Isso sim perdura e melhora a vida de todas as gerações que hão de vir.







Viva o Rio de Janeiro... o lugar mais bonito que já conheci na vida!!!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O Poder das Redes Sociais ressurge – Case DAS CINZAS ÀS LETRAS

Semana passada ouvi um comentário do Gilberto Dimenstein na rádio CBN sobre o grande poder de mobilização que as redes sociais possuem. Na ocasião ele citou o caso da psicóloga Thaís Goldstein que havia passado por um drama pessoal.


Tudo aconteceu quando ela deixou a Bahia com destino a São Paulo para concluir seu doutorado. Por força da circunstância, passou a viver em uma edícula nos fundos da casa de seus pais. Lá ela mantinha alguns de seus principais pertences; piano, violão e todos os livros que embasavam a fundamentação teórica de sua tese de doutorado. Como seu pai estava doente, certo dia ela resolveu acender uma vela sobre um altar que mantinha em cima do piano, pedindo pela recuperação dele.

Neste mesmo dia, sua família havia decidido sair para um concerto. Ao chegarem a casa, se depararam com o início do drama de Thaís. A edícula estava em chamas, e só restava tempo para chamar os bombeiros para evitar que o fogo se alastrasse a ponto de atingir a casa de seus pais, o que de fato aconteceu. No entanto, a edícula ficou completamente destruída. Ela acabou perdendo tudo; piano, violão e todos os livros que fundamentavam sua tese... tudo havia queimado!!!

Eis que um amigo dela sugeriu que criasse um blog com o propósito de sensibilizar as pessoas para o seu drama pessoal, e pedir a colaboração destas para doarem os livros que precisava para concluir a tese. O blog http://ajudalivros.wordpress.com/ que tem um nome bem sugestivo – Das Cinzas às Letras, acabou não só cumprindo o seu papel de conseguir os livros, mas também se tornou um espaço para publicação dos textos de sua rede de relacionamento.

Considero o povo brasileiro solidário. Mas neste caso, o interessante é ver como uma mídia social colaborou para minimizar este drama vivido pela Thaís. Quem já passou pela experiência de fazer uma dissertação de mestrado ou mesmo se enquadrou no caso dela com a tese de doutorado, tem a real dimensão do que significa perder todo o referencial que embasa um estudo que levou anos para ser desenvolvido. Que bom que no fim tudo deu certo e, assim como na ficção, o final foi tão feliz que até o pai dela ficou curado.

Leia o post do Gilberto Dimenstein na íntegra sobre este caso
http://catracalivre.folha.uol.com.br/2010/11/apos-incendio-em-casa-psicologa-cria-blog-para-recomecar/

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

BRASIL, quem perdeu foi você

A Dilma venceu! Ela obteve 56,05% dos votos válidos em seu favor. É chegada a hora de sermos governados por uma mulher, que chegou ao poder de forma democrática com os 55.752.092 de votos obtidos nas urnas ontem.

Aprendi algumas coisas neste processo eleitoral e gostaria de dividir com os seguidores e freqüentadores do FALATÓRIO neste post.

Até onde sei, mais uma vez o processo de apuração dos 135.604.041 votos foi conduzido com licitude e agilidade. 5 horas após o término da votação, já tínhamos uma definição quanto ao resultado final. Isso dá uma pontinha de orgulho, afinal de contas, somos referência em contabilização de tantos votos em uma área territorial tão extensa quanto a do Brasil. Pelo menos isso!!!

Depois de uma campanha com baixo nível, permeada muito mais por denúncias que propriamente por propostas para construir um país melhor, saimos neste processo eleitoral como entramos – numa completa incerteza do que irá acontecer com o futuro do país. Não queria saber se o bolsa família iria continuar ou se seria ampliado. Queria saber o que eles planejam para “salvar” o caos que se instaurou na saúde pública. Onde cada vez mais morrem pessoas por erros de médicos mal preparados ou por longas esperas nas filas dos hospitais sucateados.

O que será que eles têm de concreto para acabar com o analfabetismo??? E me refiro àquela parcela da população que até sabe ler e escrever sim, mas que não sabe interpretar um texto!!! Ou seja, também são analfabetos. Afinal de contas, de que adianta ler se não conseguem compreender??? E olha que este contingente representa 85% da população!!! É o tal do Analfabetismo funcional.

E a segurança pública??? Tenho a impressão que só Capitão Nascimento poderá nos salvar!!!

Perdemos uma excelente oportunidade de discutir os principais problemas sociais do nosso país. Perdemos uma oportunidade única de passar o país a limpo, considerar os ganhos econômicos sociais dos últimos anos e planejar como tirar proveito de tudo isto no futuro. Mas ao invés disso, os candidatos preferiram o campo das agressões, das promessas vazias e sem fundamento, além do Bolsa Família Futebol Clube que polarizou todas as atenções dos candidatos e eleitores no campeonato das urnas.


Infelizmente quem perdeu foi o Brasil. Nem tanto pela vitória da Dilma, mas sim pela grande oportunidade perdida de discutirmos a construção de um país com mais educação, que nos proporcionaria mais igualdade social, além de projetos de reconstrução da segurança e saúde públicas. Ao menos houve um vencedor – a Democracia.

Mas por fim, só tenho que parabenizar a Dilma pela vitória. O Lula por conseguir emplacar sua doutrina maquiavélica de perpetuação no poder. E a turma dos sanguessugas, dos mensaleiros, do Delúbio Soares, do Marcos Valério, do José Genoíno, do Zé Dirceu, da Erenice Guerra e por aí vai. A estes, os parabéns são extensíveis porque vão continuar numa boa nos próximos 4 anos. Fazendo o que tão bem sabem e continuarão a fazer sempre. Pelo menos até a nossa próxima oportunidade de mudar tudo isso em 2014.