Em uma viagem recente, a partir de uma conversa com executivo de uma multinacional suíça, este assunto me foi trazido à pauta em virtude do meu interlocutor descobrir que, além de atuar como gestor de empresas, também sou professor do curso de Administração.
Depois de discutirmos aspectos gerenciais aplicados às particularidades das culturas européia e americana, em relação ao foco de análise – a cultura tupiniquim – fui indagado como estava preparando meus alunos para enfrentar o mercado de trabalho. Não o mercado de trabalho que o Taylor e Fayol conheceram quando da construção de suas teorias, mas sim deste que ninguém sabe ao certo como se comporta, ou mesmo como podemos prever para se preparar para enfrentá-lo.
Não temos como programar exatamente qual a próxima tendência deste mercado, ou mesmo qual o próximo modismo administrativo que iremos enfrentar... desde a minha época de aluno de graduação em Administração foram tantos... reengenharia, downsizing, gestão participativa e por competências, empreendedorismo, criatividade, entre outros. Uns vão ficar e outros vão passar e tudo ficará como dantes na terra de Abrantes.
Mas e daí??? Será que por conta desta imprevisibilidade não podemos tomar atitudes pró-ativas que nos levem a enfrentar este mercado? A enfrentar a forte automação no setor industrial, que já não é o maior sorvedor de mão-de-obra? A enfrentar os desafios impostos por clientes cada vez mais exigentes e sabedores de seus direitos? A enfrentar o estabelecimento de canais de distribuição e comercialização sem barreiras... é a tal da Globalização! Onde podemos comprar um tênis com design americano, fabricado em um país asiático, comercializado por um oriental em um país sul americano para um turista europeu. E agora... o que fazer???
Mas e aquela “lenda” contada por nossos avós... de que é só passar em um concurso público que o seu futuro está garantido. Ou mesmo, tenha um nível superior e garanta o seu futuro. E, entre em uma multinacional, faça uma longa carreira, cheia de benefícios e estabilidade, o que lhe renderá uma excelente aposentadoria, cheia de privilégios e orgulho do dever cumprido.
Parece que tudo isto se foi com a credulidade das histórias natalinas ou dos contos de fadas. Agora, ouvimos que os funcionários públicos padecem de condições de trabalho e de sobrevivência, em virtude dos salários congelados pelos déficits orçamentários do governo. Os diplomas universitários, por si só, servem apenas para nos garantir individualidade em caso de apuros com a justiça ou de peça decorativa da sala da mamãe. E as carreiras em multinacionais, estas ainda existem, mas não dependem só do seu desempenho. Dependem também do humor do mercado globalizado. E a estabilidade??? Esta já nem foi da minha época... nem cheguei a aprender ou conviver com isto!!!
Ufa... feito este prognóstico... o que fazer??? Desistir e ficar como o Raul Seixas poeticamente profetizou com sua música (...) “ficar com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar”.
Bem, eu acho que há uma saída. Há coisas que parecem não mudar jamais. Comportamentos desejáveis em qualquer parte do planeta, em qualquer realidade organizacional. Atitudes que parecem satisfazer anseios de quase todas as culturais globais.
E, foi depois da conversa mantida com este executivo suíço supramencionado neste texto que cheguei às seguintes conclusões.
• Faça a diferença, seja um elemento de transformação de sua empresa;
• Tenha um bom relacionamento interpessoal com seus pares;
• Mantenha boas relações com profissionais de outras empresas, sobretudo fornecedores, clientes e concorrentes;
• Procure ser resiliente;
• Seja ético e altruísta; e
• Dedique-se ao trabalho sem esquecer sua vida pessoal.
Se vocês pensam que isto tudo é muito difícil de ser ou fazer, eu ainda tenho algo a informar. Talvez aqueles que consigam tudo isto que acabo de citar, como características desejáveis para se conseguir sucesso em nossa área, ainda não sejam suficientes para conseguí-lo. As vezes até a sorte precisa ajudar!!!
terça-feira, 27 de abril de 2010
Responsabilidade Social: Modismo ou sinal dos tempos
Um dos assuntos que vêm ocupando os gestores das empresas e atraindo atenção da sociedade para o seu entendimento, é a Responsabilidade Social.
Às vezes me pergunto o que é responsabilidade social para as empresas e para a sociedade, ou mesmo como praticar a responsabilidade social, e até se esta pode ser pensada apenas no âmbito corporativo. Tudo isto tem sido fruto de reflexões, a partir de leituras que abordam o tema pelas mais variadas perspectivas e conversas com administradores, professores e alunos sobre o seu verdadeiro conceito. A conclusão foi de que ninguém sabe ao certo o que é ou deveria ser, mas sabe que é importante para as partes envolvidas – empresa e sociedade.
Desta forma, chegamos a um ponto um pouco menos nebuloso. A ‘utilidade’ ou importância da responsabilidade social; para as empresas, mensurada a partir da melhoria de sua imagem e conseqüente retorno sobre seu faturamento. Já para a sociedade, eis que vê atendida uma necessidade outrora ‘ofertada’ por seu histórico ‘provedor’ – o Estado, certas vezes colocada como benemerência e não por direito legítimo, como de fato o é. Afinal de contas, a redistribuição e reciprocidade de Polanyi podem ser transplantadas para o papel do Estado, enquanto mediador dos direitos individuais daqueles que fazem parte de seu território.
Porém, para os gestores das empresas, outro caráter da responsabilidade social tem garantido longas horas de reflexões e dúvidas quanto a sua condução. Qual o público a ser atendido? Aqueles diretamente ligados à sua atividade econômica ou aqueles com necessidades emergenciais? E a resposta é quase sempre a mais temerosa possível, e colocada sob a forma de outro questionamento... o que dá mais retorno para a nossa empresa?
Isto acaba destruindo todo o elo benéfico que a responsabilidade social poderia estabelecer entre a sociedade e as empresas. A partir do momento em que a lógica de mercado, do ganho de imagem e vantagens competitivas, impera sobre a lógica do fazer o bem e ter consciência holística do mundo, a situação caminha para uma disputa mercadológica de pessoas e sofrimentos alheios. Estes gestores podem não saber qual a comunidade a ser atendida, nem onde, quando ou como será feito, mas sabem o que é estratégia de marketing, sabem que o que está sendo feito é para aumentar as vendas e assim maximizar o retorno para os seus acionistas.
A partir desta reflexão, acredito que tenha ficado claro que o objetivo não foi o de esclarecer algo referente ao tema abordado, mas apontar caminhos para o repensar ideológico do que seja, porque tem sido feito e a quem de fato serve.
Às vezes me pergunto o que é responsabilidade social para as empresas e para a sociedade, ou mesmo como praticar a responsabilidade social, e até se esta pode ser pensada apenas no âmbito corporativo. Tudo isto tem sido fruto de reflexões, a partir de leituras que abordam o tema pelas mais variadas perspectivas e conversas com administradores, professores e alunos sobre o seu verdadeiro conceito. A conclusão foi de que ninguém sabe ao certo o que é ou deveria ser, mas sabe que é importante para as partes envolvidas – empresa e sociedade.
Desta forma, chegamos a um ponto um pouco menos nebuloso. A ‘utilidade’ ou importância da responsabilidade social; para as empresas, mensurada a partir da melhoria de sua imagem e conseqüente retorno sobre seu faturamento. Já para a sociedade, eis que vê atendida uma necessidade outrora ‘ofertada’ por seu histórico ‘provedor’ – o Estado, certas vezes colocada como benemerência e não por direito legítimo, como de fato o é. Afinal de contas, a redistribuição e reciprocidade de Polanyi podem ser transplantadas para o papel do Estado, enquanto mediador dos direitos individuais daqueles que fazem parte de seu território.
Porém, para os gestores das empresas, outro caráter da responsabilidade social tem garantido longas horas de reflexões e dúvidas quanto a sua condução. Qual o público a ser atendido? Aqueles diretamente ligados à sua atividade econômica ou aqueles com necessidades emergenciais? E a resposta é quase sempre a mais temerosa possível, e colocada sob a forma de outro questionamento... o que dá mais retorno para a nossa empresa?
Isto acaba destruindo todo o elo benéfico que a responsabilidade social poderia estabelecer entre a sociedade e as empresas. A partir do momento em que a lógica de mercado, do ganho de imagem e vantagens competitivas, impera sobre a lógica do fazer o bem e ter consciência holística do mundo, a situação caminha para uma disputa mercadológica de pessoas e sofrimentos alheios. Estes gestores podem não saber qual a comunidade a ser atendida, nem onde, quando ou como será feito, mas sabem o que é estratégia de marketing, sabem que o que está sendo feito é para aumentar as vendas e assim maximizar o retorno para os seus acionistas.
A partir desta reflexão, acredito que tenha ficado claro que o objetivo não foi o de esclarecer algo referente ao tema abordado, mas apontar caminhos para o repensar ideológico do que seja, porque tem sido feito e a quem de fato serve.
E essa tal da pressão pela capacitação!!!
Eu já tinha em mente escrever algo sobre essa corrida desenfreada pelo conhecimento que o mercado tem ditado. E a partir de um comentário de um pai zeloso para com o futuro de seu filho recém formado... resolvi dar minha opinião para aqueles que ainda têm paciência a dedicar à leitura dos meus artigos!!!
Acredito que essa pressão tenha surgido, particularmente aqui em nosso país, na década de 90, muito por conta da GLOBALIZAÇÃO. É, sei que muitos vão lembrar de alguns artigos meus, onde uso com freqüência esta palavrinha. Mas vejam o meu raciocínio... com o advento da integração dos mercados, não passamos só a importar e exportar produtos com mais facilidade, a competir em classe mundial ou mesmo a estabelecer padrões mundiais de consumo. Também recebemos de presente os modismos gerencias e as preocupações globais das empresas e mercados sem fronteiras.
Uma destas preocupações está associada à importância do capital intelectual, pois finalmente as empresas se conscientizaram que este é o seu principal ativo. Chega de avaliar uma empresa apenas pela ótica míope dos lucros, ativos financeiros e marketing share. Isso é imprescindível para sobrevivência das empresas, mas sem pessoas capacitadas para conduzi-las neste caminho, o sucesso torna-se efêmero!
Aí chegamos ao centro de nossa discussão. Então devemos capacitar as pessoas a todo custo? Então devo, enquanto professor universitário, incentivar meus alunos a capacitar-se sempre? A resposta parece óbvia, e é! Lógico que sim! Mas a que custo e em que momento? Estes parecem ser os pontos que merecem atenção.
Acredito que essa pressão tenha surgido, particularmente aqui em nosso país, na década de 90, muito por conta da GLOBALIZAÇÃO. É, sei que muitos vão lembrar de alguns artigos meus, onde uso com freqüência esta palavrinha. Mas vejam o meu raciocínio... com o advento da integração dos mercados, não passamos só a importar e exportar produtos com mais facilidade, a competir em classe mundial ou mesmo a estabelecer padrões mundiais de consumo. Também recebemos de presente os modismos gerencias e as preocupações globais das empresas e mercados sem fronteiras.
Uma destas preocupações está associada à importância do capital intelectual, pois finalmente as empresas se conscientizaram que este é o seu principal ativo. Chega de avaliar uma empresa apenas pela ótica míope dos lucros, ativos financeiros e marketing share. Isso é imprescindível para sobrevivência das empresas, mas sem pessoas capacitadas para conduzi-las neste caminho, o sucesso torna-se efêmero!
Aí chegamos ao centro de nossa discussão. Então devemos capacitar as pessoas a todo custo? Então devo, enquanto professor universitário, incentivar meus alunos a capacitar-se sempre? A resposta parece óbvia, e é! Lógico que sim! Mas a que custo e em que momento? Estes parecem ser os pontos que merecem atenção.