terça-feira, 27 de abril de 2010

Responsabilidade Social: Modismo ou sinal dos tempos

Um dos assuntos que vêm ocupando os gestores das empresas e atraindo atenção da sociedade para o seu entendimento, é a Responsabilidade Social.

Às vezes me pergunto o que é responsabilidade social para as empresas e para a sociedade, ou mesmo como praticar a responsabilidade social, e até se esta pode ser pensada apenas no âmbito corporativo. Tudo isto tem sido fruto de reflexões, a partir de leituras que abordam o tema pelas mais variadas perspectivas e conversas com administradores, professores e alunos sobre o seu verdadeiro conceito. A conclusão foi de que ninguém sabe ao certo o que é ou deveria ser, mas sabe que é importante para as partes envolvidas – empresa e sociedade.

Desta forma, chegamos a um ponto um pouco menos nebuloso. A ‘utilidade’ ou importância da responsabilidade social; para as empresas, mensurada a partir da melhoria de sua imagem e conseqüente retorno sobre seu faturamento. Já para a sociedade, eis que vê atendida uma necessidade outrora ‘ofertada’ por seu histórico ‘provedor’ – o Estado, certas vezes colocada como benemerência e não por direito legítimo, como de fato o é. Afinal de contas, a redistribuição e reciprocidade de Polanyi podem ser transplantadas para o papel do Estado, enquanto mediador dos direitos individuais daqueles que fazem parte de seu território.

Porém, para os gestores das empresas, outro caráter da responsabilidade social tem garantido longas horas de reflexões e dúvidas quanto a sua condução. Qual o público a ser atendido? Aqueles diretamente ligados à sua atividade econômica ou aqueles com necessidades emergenciais? E a resposta é quase sempre a mais temerosa possível, e colocada sob a forma de outro questionamento... o que dá mais retorno para a nossa empresa?
Isto acaba destruindo todo o elo benéfico que a responsabilidade social poderia estabelecer entre a sociedade e as empresas. A partir do momento em que a lógica de mercado, do ganho de imagem e vantagens competitivas, impera sobre a lógica do fazer o bem e ter consciência holística do mundo, a situação caminha para uma disputa mercadológica de pessoas e sofrimentos alheios. Estes gestores podem não saber qual a comunidade a ser atendida, nem onde, quando ou como será feito, mas sabem o que é estratégia de marketing, sabem que o que está sendo feito é para aumentar as vendas e assim maximizar o retorno para os seus acionistas.

A partir desta reflexão, acredito que tenha ficado claro que o objetivo não foi o de esclarecer algo referente ao tema abordado, mas apontar caminhos para o repensar ideológico do que seja, porque tem sido feito e a quem de fato serve.

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