segunda-feira, 1 de novembro de 2010

BRASIL, quem perdeu foi você

A Dilma venceu! Ela obteve 56,05% dos votos válidos em seu favor. É chegada a hora de sermos governados por uma mulher, que chegou ao poder de forma democrática com os 55.752.092 de votos obtidos nas urnas ontem.

Aprendi algumas coisas neste processo eleitoral e gostaria de dividir com os seguidores e freqüentadores do FALATÓRIO neste post.

Até onde sei, mais uma vez o processo de apuração dos 135.604.041 votos foi conduzido com licitude e agilidade. 5 horas após o término da votação, já tínhamos uma definição quanto ao resultado final. Isso dá uma pontinha de orgulho, afinal de contas, somos referência em contabilização de tantos votos em uma área territorial tão extensa quanto a do Brasil. Pelo menos isso!!!

Depois de uma campanha com baixo nível, permeada muito mais por denúncias que propriamente por propostas para construir um país melhor, saimos neste processo eleitoral como entramos – numa completa incerteza do que irá acontecer com o futuro do país. Não queria saber se o bolsa família iria continuar ou se seria ampliado. Queria saber o que eles planejam para “salvar” o caos que se instaurou na saúde pública. Onde cada vez mais morrem pessoas por erros de médicos mal preparados ou por longas esperas nas filas dos hospitais sucateados.

O que será que eles têm de concreto para acabar com o analfabetismo??? E me refiro àquela parcela da população que até sabe ler e escrever sim, mas que não sabe interpretar um texto!!! Ou seja, também são analfabetos. Afinal de contas, de que adianta ler se não conseguem compreender??? E olha que este contingente representa 85% da população!!! É o tal do Analfabetismo funcional.

E a segurança pública??? Tenho a impressão que só Capitão Nascimento poderá nos salvar!!!

Perdemos uma excelente oportunidade de discutir os principais problemas sociais do nosso país. Perdemos uma oportunidade única de passar o país a limpo, considerar os ganhos econômicos sociais dos últimos anos e planejar como tirar proveito de tudo isto no futuro. Mas ao invés disso, os candidatos preferiram o campo das agressões, das promessas vazias e sem fundamento, além do Bolsa Família Futebol Clube que polarizou todas as atenções dos candidatos e eleitores no campeonato das urnas.


Infelizmente quem perdeu foi o Brasil. Nem tanto pela vitória da Dilma, mas sim pela grande oportunidade perdida de discutirmos a construção de um país com mais educação, que nos proporcionaria mais igualdade social, além de projetos de reconstrução da segurança e saúde públicas. Ao menos houve um vencedor – a Democracia.

Mas por fim, só tenho que parabenizar a Dilma pela vitória. O Lula por conseguir emplacar sua doutrina maquiavélica de perpetuação no poder. E a turma dos sanguessugas, dos mensaleiros, do Delúbio Soares, do Marcos Valério, do José Genoíno, do Zé Dirceu, da Erenice Guerra e por aí vai. A estes, os parabéns são extensíveis porque vão continuar numa boa nos próximos 4 anos. Fazendo o que tão bem sabem e continuarão a fazer sempre. Pelo menos até a nossa próxima oportunidade de mudar tudo isso em 2014.

10 comentários:

Mazzoni disse...

Como sempre, bem pensado e bem escrito!

A vitoria da candidata da situação, sem história política, que sempre assumiu cargos indicados, tendo sua eleição referenciada apenas pela popularidade do então presidente, pautada no slogan do Brasil Continuar Mudando, me deixa com a sensação de estarmos vivendo em Cuba ou na Venezuela.

Mas de qualquer forma, continuo torcendo pelo Brasil, e espero que com o PMDB tendo a maioria no Senado e no Congresso, não nos transformem no Maranhao! Nada contra os maranhenses, sou contra o coronelismo e o anafalbetismo recorde lá instituidos

Rogério disse...

Caro Prof. Alexandre.

Fico feliz por podermos conversar democraticamente em um espaço como este e pelo seu claro posicionamento.

Concordo com o conteúdo de sua crítica, mas discodo na estrutura... explico: o problema do debate não está somente na profundidade, mas também no espaço, tempo e no formato em que ele ocorre, vejamos:

1) sobre o espaço: o baixo nível não esteve presente nos debates ou nos programas de TV, mas principalmente na guerra travada por e-mails na internet. O PSDB tratou de desqualificar a, hoje presidente eleita, Dilma desde antes da campanha com um bombardeio de e-mails absurdos sobre terrorismo e ligando-a a assasinatos. ABSURDO! Acho que as pessoas que acreditaram naquilo não conhecem história e, deveriamos parabenizar àqueles que pegaram em armas para que hoje pudessemos falar livremente, entre eles: o próprio Serra, Fernando Henrique, Gabeira e a (débil mental) Miriam Leitão da globo. Parabenizo a todos, indistintamente.

2) Tempo: como acreditar que é possível o aprofundamento de um debate sério em ano de copa do mundo? Tivemos pouco mais de 2 meses de campanha e agora mais um mês para o segundo turno. Bobagem... criação do Sarney e que beneficiou o FHC em suas duas eleições... agora está a favor do PT.

3)Formato: falo de formato eleitoral... como já expliquei no meu blog... democracia representativa não é "a vontade do povo", mas, no máximo um método para sucessão dos governantes.

Em tempo: votei no PT e discordo também de seu último paragráfo e do post de Mazoni acima... seriam o PSDB e o DEM melhores? Coronelismo é um traço cultural brasileiro que está sim sendo abolido... mas não por ação do DEM e nem do PMDB! É preciso diferenciar estes partidos nas diferentes regiões do Brasil... o DEM e o PMDB do NE não tem o mesmo significado que tem no Sul ou no Sudeste.

Sem mais,

Rogério S. Tonet

Alexandre Júnior disse...

Michel,
Mais uma vez, obrigado pela participação aqui no FALATÓRIO. E voltando ao tema em questão, esqueci de mencionar no post que o Lula foi o melhor leitor e maior intérprete do Maquiavel. Aprendi, na prática do lulismo, que os fins justificam os meios!!!

Alexandre Júnior disse...

Roger,
Também muito obrigado por participar... é bom ter uma voz dissonante por aqui. Respeito sua posição, como sempre o fiz, e acho que faz sentido os argumentos utilizados por você para discordar deste post. Acho que não me fiz entender bem... em momento algum eu falei que partido A ou B é melhor ou pior que C ou D. Na verdade não acredito em nenhum partido político brasileiro, mesmo porque, aprendi que partido político vem junto com ideologia. E aqui não consigo enxergar isso em nenhum destes. Para mim, independente do resultado das urnas, o país saiu perdedor!!! Do meu ponto de vista, nem Serra nem Dilma podem contribuir para construir o país que eu sonho ver um dia. Mas diferente de você, votei no Serra por acreditar que ele seria menos danoso para as instituições democráticas que têm agonizado desde que o Lula instaurou o seu projeto de poder no Brasil.

Rogério disse...

Olá Alexandre.

Sim, entendi seu posicionamento... o problema é que este refrão da "turma de mensaleiros" e de safadeza tem se repetido como se isso não fosse ocorrer em um possível governo Serra - O que é uma ilusão!!!

O esquema do mensalão foi uma criação do PSDB mineiro, como já foi comprovado... na minha avaliação as duas opções incluem aceitar "roubalheira", infelizmente...

Alexandre Júnior disse...

Roger,
Espero que agora tenha compreendido o post... quando você finaliza seu último comentário com o "infelizmente" para a questão da robalheira qualquer que seja o lado vencedor... você ratifica o título do meu post - BRASIL, quem perdeu foi você

Cristiano Siben disse...

Gostaria de chamar atenção, para outro fato, que na minha opinião é crucial para esta "re-eleição". A politica de assistencialismo que vem sendo praticada. Salvo engano, na crise de 29 os Estados Unidos ao invés de criarem um valor "dado" a população que passava necessidades, preocupou-se em criar fonte de renda. Uma amostra disso, é a lendária Rota 66, construída para dar emprego e gerar renda. Infelizmente tanto o governo Lula, como os anteriores falharam nesse ponto. A manutenção de politicas como o Bolsa Família, em meu ponto de vista, cria um futuro incerto, onde provavelmente muitos terão como meio de sustento, o dinheiro dado pelo governo.

Alexandre Júnior disse...

Cristiano,
Você é sócio emérito do FALATÓRIO. Obrigado pela colaboração com seu comentário. Sabe que num primeiro momento eu sou favorável ao Bolsa Família como ação emergencial para tirar as pessoas da miséria. Mas isto deveria vir com um planejamento para limitar o tempo deste auxílio, e um programa paralelo de capacitação destas pessoas para o trabalho ou até mesmo para abrirem pequenos negócios, estimulando o empreendedorismo. Da forma que está posto, temo que gradativamente gere uma sociedade de "inúteis".

Rogério disse...

Olá Alexandre e Cristiano.

Não conhecia a história da rota 66... é um ótimo exemplo de política keynesiana para salvar a economia dos EUA pós-29, no entanto, tem uma relação fraca com o bolsa família (é mais parecido com a idéia de PAC).

A filosofia deste programa não é recolocar as pessoas no mercado de trabalho, mas, preparar a próxima geração para isso. Explico: o sujeito que está há anos desempregado não tem motivação ou, sequer, preparo para re-ingressar no mercado, mas recebe o bolsa-família para se sustentar com a condição de que seus filhos estejam na escola (o que é auditado por amostragem todos os anos).

Por outro lado, como pode-se ver no desempenho economico atual... este programa faz a economia girar fortemente! Já que distribui a renda e, como as pessoas que recebem esse benefício são muito pobres, o dinheiro volta rapidamente à circulação.

Keynes era, na verdade, contra o comportamento dos ricos... que frente a uma crise, paravam de gastar e voltavam-se ao acúmulo. Na visão dele, isso travava a economia.

O bolsa-família uma das raras políticas de visão de longo prazo que temos...

Alexandre Júnior disse...

Roger,
Por isso que gosto de suas participações aqui no FALATÓRIO. É um ponto de vista diferente da convergência de pensamento que temos tido neste espaço. Na minha opinião discordância é adubo principal para construirmos teses e teorias consistentes!!! Quanto ao Bolsa Família ser uma das poucas políticas de longo prazo que temos... sinceramente espero que você tenha razão, pois do contrário, temo pelo futuro da sociedade que estamos desenvolvendo no Brasil.

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