terça-feira, 27 de abril de 2010

O que queremos do aluno/profissional e as incertezas deste novo século

Em uma viagem recente, a partir de uma conversa com executivo de uma multinacional suíça, este assunto me foi trazido à pauta em virtude do meu interlocutor descobrir que, além de atuar como gestor de empresas, também sou professor do curso de Administração.

Depois de discutirmos aspectos gerenciais aplicados às particularidades das culturas européia e americana, em relação ao foco de análise – a cultura tupiniquim – fui indagado como estava preparando meus alunos para enfrentar o mercado de trabalho. Não o mercado de trabalho que o Taylor e Fayol conheceram quando da construção de suas teorias, mas sim deste que ninguém sabe ao certo como se comporta, ou mesmo como podemos prever para se preparar para enfrentá-lo.

Não temos como programar exatamente qual a próxima tendência deste mercado, ou mesmo qual o próximo modismo administrativo que iremos enfrentar... desde a minha época de aluno de graduação em Administração foram tantos... reengenharia, downsizing, gestão participativa e por competências, empreendedorismo, criatividade, entre outros. Uns vão ficar e outros vão passar e tudo ficará como dantes na terra de Abrantes.

Mas e daí??? Será que por conta desta imprevisibilidade não podemos tomar atitudes pró-ativas que nos levem a enfrentar este mercado? A enfrentar a forte automação no setor industrial, que já não é o maior sorvedor de mão-de-obra? A enfrentar os desafios impostos por clientes cada vez mais exigentes e sabedores de seus direitos? A enfrentar o estabelecimento de canais de distribuição e comercialização sem barreiras... é a tal da Globalização! Onde podemos comprar um tênis com design americano, fabricado em um país asiático, comercializado por um oriental em um país sul americano para um turista europeu. E agora... o que fazer???

Mas e aquela “lenda” contada por nossos avós... de que é só passar em um concurso público que o seu futuro está garantido. Ou mesmo, tenha um nível superior e garanta o seu futuro. E, entre em uma multinacional, faça uma longa carreira, cheia de benefícios e estabilidade, o que lhe renderá uma excelente aposentadoria, cheia de privilégios e orgulho do dever cumprido.
Parece que tudo isto se foi com a credulidade das histórias natalinas ou dos contos de fadas. Agora, ouvimos que os funcionários públicos padecem de condições de trabalho e de sobrevivência, em virtude dos salários congelados pelos déficits orçamentários do governo. Os diplomas universitários, por si só, servem apenas para nos garantir individualidade em caso de apuros com a justiça ou de peça decorativa da sala da mamãe. E as carreiras em multinacionais, estas ainda existem, mas não dependem só do seu desempenho. Dependem também do humor do mercado globalizado. E a estabilidade??? Esta já nem foi da minha época... nem cheguei a aprender ou conviver com isto!!!

Ufa... feito este prognóstico... o que fazer??? Desistir e ficar como o Raul Seixas poeticamente profetizou com sua música (...) “ficar com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar”.

Bem, eu acho que há uma saída. Há coisas que parecem não mudar jamais. Comportamentos desejáveis em qualquer parte do planeta, em qualquer realidade organizacional. Atitudes que parecem satisfazer anseios de quase todas as culturais globais.

E, foi depois da conversa mantida com este executivo suíço supramencionado neste texto que cheguei às seguintes conclusões.

• Faça a diferença, seja um elemento de transformação de sua empresa;
• Tenha um bom relacionamento interpessoal com seus pares;
• Mantenha boas relações com profissionais de outras empresas, sobretudo fornecedores, clientes e concorrentes;
• Procure ser resiliente;
• Seja ético e altruísta; e
• Dedique-se ao trabalho sem esquecer sua vida pessoal.

Se vocês pensam que isto tudo é muito difícil de ser ou fazer, eu ainda tenho algo a informar. Talvez aqueles que consigam tudo isto que acabo de citar, como características desejáveis para se conseguir sucesso em nossa área, ainda não sejam suficientes para conseguí-lo. As vezes até a sorte precisa ajudar!!!

2 comentários:

Cristiano Siben disse...

O texto reflete bem o complexo amalgama de atitudes e valores que o profissional tera que mostrar neste voraz mercado de trabalho. Parabens Ale por nos brindar com esta informação. A nos profissionais, que possamos cada vez mais expor a nossa capacidade cognitiva.

Alexandre Júnior disse...

Cristiano,
Obrigado pelas palavras... a idéia era apenas despertar nos alunos a essência que, segundo minha ótica, deve estar ligada a nossa formação acadêmica e profissional.

Abraço

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