O assunto do momento, em todas as rodas de bate papo entre amigos ou colegas de trabalho, é um só – o caos deflagrado no Rio de Janeiro pelo confronto entre bandidos e Estado.
E aqui neste post não tenho a mínima pretensão de tentar explicar como chegamos a esta situação de enfrentamento. Só quero dividir minha admiração pela sociedade carioca, que vai desde os bons policiais e políticos até o fictício engenheiro aposentado – Dr. Elias Maranhão (residente do bairro de Botafogo) e sua diarista – Dona Maria da Silva (residente da Vila Cruzeiro). Todos cumpridores de seus deveres e parte pulsante de uma sociedade carioca que quer mudar, que tem esperança e, sobretudo, tem paixão pela sua cidade.
A leniência com o tráfico e o banditismo talvez venha da época em que o Brizola governou o Rio de Janeiro. Seu populismo através da urbanização das favelas e da “proteção aos menos favorecidos” que lá viviam, colaborou para transformar aquele malandro carioca dos pequenos delitos nos imbecis de hoje, armados com fuzis AK 47, que se esgueiram pelas vielas do Complexo do Alemão como ratos.
O terrorismo imposto pelo tráfico foi originado pela insatisfação dos bandidos com as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Estratégia do governo fluminense que consiste em instalar postos policiais dentro das comunidades mais violentas, aproximando a polícia da comunidade e quebrando o poder do traficante, tido como imperador soberano da região.
Desta maneira, o plano do mal era aterrorizar a sociedade com arrastões, queimas de ônibus e carros. Provocar o caos para que o poder público recuasse face o medo instaurado na sociedade.
Acabaram se dando mal!!! Acabaram colaborando por oportunizar um momento único de mobilização da sociedade, que levou o poder público a dar uma resposta dura e decisiva no sentido de demonstrar que o Estado é de fato o garantidor da ordem pública.
E o que mais me animou não foi a união entre o BOPE, Polícia Militar e Polícia Civil cariocas com as forças armadas, cedendo homens e equipamento bélico de enfrentamento de guerra. Nem o poder judiciário, que autorizou a transferência de todos os presos nas ações policiais para presídios fora do Estado do Rio de Janeiro. Além da transferência dos cabeças do tráfico para presídios federais em Estados longínquos, de modo a dificultar a comunicação para desarticular o comando deles. Neste sentido, também foram expedidos mandados de prisão contra parentes e advogados das principais lideranças do crime. O que mais me animou é que tudo isto está acontecendo de maneira orquestrada. É como se pela primeira vez tivéssemos um sinal de articulação conjunta do poder público contra o crime.
Sei que a mídia está “espetaculizando” a situação, mas dessa vez acho que está sendo bom. Acho que as imagens estão colaborando para aumentar o apoio da sociedade para com o combate ao crime. As pessoas esqueceram, momentaneamente, que a polícia até outro dia vivia com o descrédito de sua banda podre. Hoje as pessoas confiam na polícia, sentem orgulho dela, e o principal, sentem-se protegidos por ela!!!
O fenômeno Capitão Nascimento, que recentemente trocou de patente, fez a ordem inversa e ajudou a influenciar a vida real com seu filme Tropa de Elite. Ao ser guindado ao posto de herói nacional, conferido pelos mais de 10 milhões de expectadores, a mensagem parece ser clara – precisamos de homens sérios e com coragem para colocar, se necessário, sua vida em risco em prol do bem estar e segurança da população. Com tanta corrupção e impunidade, maiores cânceres da terra brazilis, suplicamos por alguém com o perfil do agora Tenente Coronel Nascimento.
Quando o show passar, só torço para que o combate contra a criminalidade no Rio de Janeiro continue sendo levado a sério. Espero que a motivação do cinema não cause exageros, como a declaração infeliz de um dos comandantes do BOPE – “(...) vamos agilizar para que esses bandidos peçam perdão pro homi lá encima”.
Espero que as pessoas se dêem conta de que na ficção ninguém morre e todos ganham com a trama. A realidade é bem mais complicada. Erros e omissão custam vidas. E não tem Tenente Coronel Nascimento para nos salvar e renovar nossas esperanças em um mundo melhor. Os heróis tiram férias quando acaba a trama. Precisamos é de instituições sérias com dignidade em seus propósitos de servir a sociedade. Isso sim perdura e melhora a vida de todas as gerações que hão de vir.
Viva o Rio de Janeiro... o lugar mais bonito que já conheci na vida!!!
[Eleições] Respondendo sobre PESQUISAS ELEITORAIS.
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*(Texto originalmente publicado no jornal O Correio do Cidadão em 2012)*
Com o clima eleitoral esquentando com a divulgação de um sem número de
enquetes, ...
Há 8 anos